O trabalho “Porto do Rio Grande (estuário da Lagoa dos Patos - RS): identificação e caracterização dos locais de lançamento de efluentes líquidos nas margens.”, desenvolvido pelos oceanólogos Profa Maria da Graça Zepka Baumgarten, Vivian Freitas de Aguiar e Lucas Almeida foi contemplado em Brasília, dia 9 de novembro, com o segundo lugar no Prêmio ANTAQ 2017 (Agência Nacional de Transportes Hidroviários), na categoria Artigo Técnico e Científico. Concorreu com 46 trabalhos desenvolvidos em portos brasileiros. Foi viabilizado pelo convênio entre o Porto do Rio Grande (SUPRG) e a FURG e se desenvolveu entre 2014 e 2015.

O artigo premiado é uma compilação (40 folhas) do relatório técnico entregue pela direção do porto ao IBAMA. Isso resultou no Parecer n° 2719/2016-76 COPAH, no qual está descrito que foi atendido o item “Monitoramento dos Efluentes”, requerido para a renovação da Licença de Operação do Porto do Rio Grande. Foi recomendado que os efluentes identificados como contaminados, sejam averiguados e fiscalizados pelos órgãos ambientais locais e estaduais competentes, de forma a estabelecer as responsabilidades quanto às irregularidades apontadas.

No trabalho foram avaliadas e mapeadas as margens do Porto Velho, Porto Novo e Superporto, sendo, identificados, georreferenciados, caracterizados (minuciosas tabelas) e fotografados 107 locais de lançamento de efluentes. Dentre estes, em 39 locais o efluente não estava vazando pelos canos, emissários ou valetas identificados (36,4% do total). Portanto, em 68 locais havia o lançamento de efluentes e, dentre estes, em 37 locais (54,4%) os efluentes estavam contaminados. Nos mapas de cada área avaliada, cada local de lançamento de efluentes foi identificado com um circulo em tom de azul. Quanto mais escuro, mais contaminado.

A caracterização qualitativa do nível de contaminação em cada local foi feita a partir da análise de amostras coletadas de cada efluente, do seu deságue e da água receptora. Para isso, foi usado in locu um kit analítico manual de baixo custo operacional. Isso permitiu evidenciar quais efluentes apresentam um potencial de contaminação das águas do estuário. Poirtanto, este diagnóstico revelou tecnicamente os lançamentos de efluentes clandestinos prejudicais ao ambiente aquático portuário.

Os autores concluíram que a estratégia usada nesse diagnóstico pode ser reproduzida em outros portos brasileiros que buscam a melhor qualidade ambiental. Entendem que um diagnóstico desse tipo, deve ser o início de programas que visam a gestão ambiental bem planejada de áreas marginais urbanizadas. Ele é uma ferramenta de relativo baixo custo operacional, que otimiza os recursos disponíveis para os referidos programas, pois indica dentre todos os efluentes identificados em margens, apenas os que precisam ser investigados e corrigidos quanto a sua fonte poluidora.

Considerando que, para que um problema possa ser resolvido ele precisa ser conhecido e diagnosticado com confiança e, que é mais fácil cuidar, preservar e bem gerenciar o que se conhece, fica a expectativa de que ações posteriores sejam adotadas pelos órgãos públicos ambientais e portuários, na busca de soluções dos problemas identificados. O estuário da Lagoa dos Patos e a comunidade de Rio Grande certamente serão beneficiados.