Um estudo recente publicado na Nature Geoscience concluiu que pradarias de fanerógamas marinhas (seagrasses) podem estocar até duas vezes mais carbono que florestas temperadas e tropicais.

 O artigo, intituladoSeagrass Ecosystems as a Globally Significant Carbon Stock,de autoria do pesquisador James Fourqurean (Florida International University) e colaboradores de diversas instituições do mundo, é a primeira análise de estoque de carbono em pradarias de fanerógamas a nível global (ou quase global). Os números mostram que as pradarias concentram até 83 mil toneladas de carbono por Km2, grande parte estocados nos sedimentos destes habitats. Comparativamente, uma floresta terrestre típica estoca cerca de 30 mil toneladas, a maior parte concentrada na madeira das árvores.

 O artigo enfatiza a importância destes habitats marinhos vegetados para o balanço e seqüestro de carbono do planeta e nos processos de mitigação das mudanças climáticas. Entretanto, existem ainda inúmeras lacunas regionais sobre o tema, e também incertezas sobre a área global ocupada pelas pradarias. Além disto, poucos estudos focaram nos fluxos de carbono e aspectos biogeoquímicos destes habitats. 

  O único ponto representado na América do Sul é, nada mais nada menos, que o estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Resultados do projetoDinâmica da Vegetação Aquática Submersa do estuário da Lagoa dos Patos” (Projeto DiVAS, coordenado pela Dra. Margareth Copertino), que faz parte do programa PELD da FURG, foram adicionados à estimativa global. Estes dados do estuário, coletados durante os trabalhos de conclusão de curso dos oceanólogos Milton Vieira Araújo e Bruno Lainetti Gianasi, representam apenas uma pontinha do "Iceberg" da história que está sendo investigada.

  De acordo com Fourqurean e colaboradores, as taxas atuais de destruição dos habitats de pradarias (1,5% ao ano) poderiam resultar na liberação de cerca de 64 à 299 Tg de C/ ano. Assumindo que todo o carbono orgânico da biomassa e da camada de um metro de sedimento seja eventualmente remineralizado, este carbono poderia re-entrar nopool” de CO2 do oceano e atmosfera.

  Portanto, a conservação e restauração de pradarias pode aumentar a capacidade de sequestro de carbono do oceano, ao mesmo tempo que preserva as funções ecológicas e garante os serviços ecossistêmicos chaves às comunidades de regiões costeiras.  

 Profa. Dra. Margareth Copertino

Lab. Ecologia Vegetal Costeira

Instituto de Oceanografia

  Fontes:

Fourqurean et al. 2012. Seagrass ecosystems as a globally significant carbon stock. Nature Geosciences. Published online: 20 May 2012 | doi:10.1038/ngeo1477. http://www.nature.com/ngeo/journal/vaop/ncurrent/full/ngeo1477.html

http://www.conservation.org/newsroom/pressreleases/Pages/First-Global-Study-Seagrasses-Can-Store-as-much-Carbon-as-Forests.aspx