Faleceu o professor Eliézer de Carvalho Rios.

Um dos pioneiros da Oceanografia no Brasil morreu na noite desta quarta-feira, após três dias internado.

Faleceu nesta quarta-feira, 25, o professor emérito da Universidade Federal do Rio Grande - FURG Eliézer de Carvalho Rios, um dos mais renomados malacologistas (estudiosos de moluscos) do mundo, pioneiro da Oceanografia no Brasil, fundador e primeiro diretor do Museu Oceanográfico da FURG, que hoje leva o nome do pesquisador. Ele também foi um dos primeiros professores de Oceanologia da FURG, o primeiro curso de graduação do Brasil na área das ciências do mar.

O professor Eliézer tinha 93 anos. Ele vinha apresentando problemas de saúde desde 2013. Apesar disto, manteve-se sempre lúcido, interessado nas questões do museu que fundou e com o qual, até o final da vida, manteve relação de grande cuidado e atenção.

PIONEIRO - O professor de Química Eliézer de Carvalho Rios começou a trabalhar com ensino superior em 1955, na antiga Escola de Engenharia Industrial. Antes disto, já era apaixonado por estudos das ciências do mar e, com outros estudiosos da área, havia criado a Sociedade de Estudos Oceanográficos de Rio Grande (Seorg). Além de promover a pesquisa e a divulgação de conhecimentos, a Seorg tinha entre seus objetivos maiores a criação de um museu, o que tornou-se realidade em 8 de setembro de 1953. O Museu Oceanográfico foi doado à FURG em 1973, quatro anos após a criação oficial da Universidade. Estiveram com o professor Rios neste pioneirismo Boaventura Nogueira Barcellos e o iugoslavo Nicolas Vilhar, engenheiro de uma empresa de pesca à época.

Rios passou ao então Departamento de Oceanografia em 1979, sendo professor de várias gerações de oceanólogos e começando também o pioneiro trabalho de tratamento e recuperação de animais marinhos na costa sul do Brasil. Além de fundador, Eliézer Rios foi diretor do Museu Oceanográfico de 20 de maio de 1975 até 18 de julho de 1991, quando se aposentou. No entanto, ele não parou de trabalhar. Lançou vários livros sobre moluscos de modo geral e as variedades malacológicas da região e do Brasil. O último livro foi lançado mundialmente quando Rios já contava 90 anos.

Através da Resolução 009/1987, o Conselho Universitário da FURG alterou o nome do Museu Oceanográfico da FURG para Museu Oceanográfico "Prof. Eliézer de Carvalho Rios". Poucos anos depois, a FURG, novamente através do Conselho Universitário, outorgou ao professor Rios o título de Professor Emérito. Foi novamente homenageado pela Universidade em 2011, na 38a Feira do Livro da FURG.

Conforme pedido expresso pelo professor, seu corpo será velado no saguão do Museu Oceanográfico, a partir das 8h desta quinta-feira, 26. O sepultamento será às 17h, no Cemitério Católico de Rio Grande. Eliézer de Carvalho Rios era viúvo, deixa quatro filhos e vários netos.

REPERCUSSÃO

Para um dos principais discípulos e atual diretor do Museu Oceanográfico, o professor Eliézer é exemplo de dedicação à ciência, um professor e um homem à frente do seu tempo. Conforme Lauro Barcellos, Rios sempre depositou muita confiança na juventude, deixa inúmeros seguidores e engrandeceu sobremaneira a Universidade no Estado, no Brasil e no mundo.

José Henrique Muelbert, diretor do Instituto de Oceanografia – IO da FURG, lembra que, além de toda importância de Rios do ponto de vista histórico e institucional, ele sem dúvida foi “uma mente inspiradora para muitos de nós, que se dedicam, estudam e amam os oceanos. Ele deixa uma marca, que foi a sua capacidade de cativar as pessoas e transmitir a elas o interesse pela preservação dos oceanos”.

A reitora da FURG, Cleuza Maria Sobral Dias, estava retornando de Brasília quando recebeu a notícia, e disse lamentar muito a morte de Rios. Disse que o legado deixado pelo professor emérito é muito grande e se espalha por todo o mundo, graças à paixão com que desenvolveu o trabalho de ensino, de pesquisa e de conscientização da importância dos oceanos e da preservação de animais marinhos.